O desafio da electricidade

O sector da electricidade em África representa um grande desafio. Actualmente, o acesso à electricidade na África Subsaariana é de apenas 25 por cento, ao passo que no sul da Ásia é de 50 por cento e na América Latina chega a 80 por cento.

De acordo com as actuais taxas de acesso à energia, prevê-se que a maior parte dos estados africanos venham a falhar a meta do acesso universal à electricidade em 2050. 
O consumo de energia eléctrica na África Subsaariana, a 120 kilowatts-hora (kWh) por pessoa e por ano, é claramente inadequado, pois fornece energia apenas durante duas horas por dia a cada cidadão. Mesmo para os poucos que têm acessso à electricidade, o fornecimento é dispendioso e falível. Por outro lado, cerca de 30 países africanos registam cortes crónicos de energia, e nos estados mais afectados os custos económicos dos ‘cortes’ podem ascender a mais de 5 por cento do PIB. São precisos investimentos massivos para expandir a capacidade de gerar electricidade. África irá necessitar de instalar cerca de 7,000 megawatts (MW) de capacidade para gerar nova energia por ano, um número considerável tendo em conta que, nas últimas décadas, a expansão cingia-se a menos de 1,000 MW/ano. Hoje, o investimento total exigido pelo sector da energia em África atinge os 40 biliões de dólares/ano. A melhor forma de expandir o portfolio do sector em África irá passar pela comercialização de energia em termos regionais e a aposta também irá recair sobre as suas potencialidades em termos de energias renováveis. A esse nível, Moçambique revela maiores probabilidades de vir a ser rentável enquanto fornecedor de energia solar, e, segundo um estudo desenvolvido pelo BAD, o nosso país encontra-se entre os cinco países africanos com maior potencial para produzir energia eólica, a par da Tanzânia, Angola, África do Sul e Namíbia. Torna-se premente aproveitar o enorme potencial do País em termos de recursos energéticos, como forma de permitir que mais moçambicanos tenham acesso à electricidade. Facto que naturalmente implica avultados investimentos. A EDM precisa de 600 milhões de dólares, por ano, para implementar projectos de produção e distribuição de energia eléctrica. Mas, enquanto o potencial energético de Moçambique não se concretiza em pleno, apenas quatro de um universo de 23 milhões de moçambicanos têm acesso à energia eléctrica e grandes empresas reclamam que a energia é insuficiente para assegurar o processo produtivo. Sem energia, fica difícil atingir o desenvolvimento.


Helga Nunes in revista Capital

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